quinta-feira, 21 de março de 2013

Etruscos

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civilização etrusca
Os etruscos eram um aglomerado de povos que viveram na península Itálica na região a sul do rio Arno e a norte do Tibre, mais ou menos equivalente à atual Toscana, com partes no Lácio e a Úmbria. Eram chamados Τυρσηνοί, tyrsenoi, ou Τυρρηνοί, tyrrhenoi, pelos gregos e tusci, ou depois etrusci, pelos romanos; eles auto-denominavam-se rasena ou rašna. É pela sua designação grega que se fala de mar Tirreno [1].
Desconhece-se ao certo quando os etruscos se instalaram aí, mas foi provavelmente entre os anos 1 200 a.C. e 700 a.C.. Nos tempos antigos, o historiador Heródoto acreditava que os Etruscos eram originários da Ásia Menor, mas outros escritores posteriores consideram-nos itálicos. A sua língua, que utilizava um alfabeto semelhante ao grego, era diferente de todas as outras e ainda não foi decifrada, e a religião era diferente tanto da grega como da romana.
A Etrúria era composta por cerca de uma dúzia de cidades-estados (Volterra, Fiesole, Arezzo, Cortona, Perugia, Chiusi, Todi, Orvieto, Veios, Tarquinia e Fescênia), muito civilizadas que tiveram grande influência sobre os Romanos. A Fescênia, próxima a Roma, ficou conhecida como um local de devassidão. Versos populares licenciosos, na época muito cultivados entre os romanos, ficaram conhecidos como versos fesceninos (obscenos).
Os últimos três reis de Roma, antes da criação da república em 509 a.C., eram etruscos. Verificaram-se prolongadas lutas entre a Etrúria e Roma, terminando com a vitória desta última no século III a.C.

Índice

Apogeu e decadência

Cidade de Bagnoregio, de origem etrusca. Esta estrada foi, outrora, a principal via de ligação com o rio Tibre e Roma.
Por volta de século IX a.C. (c.a. 850 a.C.), os etruscos já estavam estabelecidos na região da Etrúria, entre os rios Arno e Tibre, a oeste e sul da cadeia dos Apeninos. Nos três séculos posteriores, difundiram seus domínios submetendo os povos locais, ocupando vastas áreas da planície do rio e fundaram cidades que existem até hoje. Em direção ao sul, tomaram Roma - então um aglomerado de aldeias - e transformaram-na em uma cidade cercada de muros. Acredita-se que os Tarquínios - uma dinastia de reis etruscos - governaram Roma por volta de 616 a.C. a 509 a.C..
Durante o processo de expansão, os etruscos atingiram até a região da Campânia, onde fundaram Cápua que, desde o início do século VI a.C., representou um centro comercial capaz de rivalizar com as colônias gregas vizinhas: Cuma e Neápolis (Nápoles). Por volta de 540 a.C., aliados aos cartagineses, derrotam os Fócios da Córsega. Essa vitória assegurou-lhes o controle da ilha e marcou o apogeu da expansão territorial.
Entretanto, os etruscos foram expulsos de Roma pelos latinos em 509 a.C.; tiveram sua fronteira destruída pelos gregos de Siracusa e Cuma em 476 a.C. Em 424 a.C., perderam a Campânia para os samnitas e, logo a seguir, o vale do rio Pó foi ocupado pelos celtas. Em 396 a.C., com a tomada de Veios, os romanos incorporaram ao seu território o que restava da Etrúria.

Origens

Cabeça de guerreiro (Necrópole de Crocifisso del Tufo, Orvieto, Itália)
A origem dos etruscos permanece uma incógnita, embora existam várias teorias a respeito. Duas delas são as que têm maior peso:
  1. A teoria orientalista, proposta por Heródoto, que crê que os etruscos chegaram desde Lídia por volta do século XIII a.C. Para demonstrá-lo baseiam-se nas supostas características orientais da sua religião e costumes, bem como que se tratava de uma civilização muito original e evoluída comparada com os seus vizinhos.
  2. A teoria de autoctonia, proposta por Dionísio de Halicarnasso, que considerava os etruscos como oriundos da península Itálica. Para argumentá-la, esta teoria explica que não há indícios de que a civilização etrusca tenha se desenvolvido em outros lugares e que o estrato lingüístico é mediterrâneo e não oriental. Em suas Antiguidades Romanas (livro I, capítulo 25) Halicarnasso considera que "(...)o povo etrusco não emigrou de parte alguma e sempre esteve aqui".. [2]
Outra teoria, já descartada, foi a de uma origem "nórdica", defendida em finais do século XIX e primeira metade do século XX. Era baseada somente em parafonias, na similitude da sua autodenominação (rasena) com a denominação que os romanos deram a certos povos celtas que habitavam a Norte dos Alpes, no atual Leste da Suíça e Oeste da Áustria: os ræthii ou réticos.
A teoria atualmente mais fundamentada de certa forma sintetiza as de Heródoto e Dionísio de Halicarnasso: considera-se, por vários traços culturais (por exemplo, os alfabetos), um forte influxo cultural derivado de alguma migração procedente de sudoeste de Anatólia, mais precisamente desde o território que os gregos chamaram Karya (Cária), tal influxo cultural ter-se-ia estendido sobre povos autóctones situados na que atualmente é a Toscana Talvez as respostas se encontrem na cultura de Villanova, representada por cerca de 100 tumbas encontradas na povoação de Villanova de Castenaso, em Bolonha, possíveis antecedentes da cultura etrusca. Por volta do século VII a.C. existiam doze cidades-estado independentes que se atribuem a Tarcão, filho ou irmão de Tirreno.[2]
Esta tese da origem oriental dos etruscos é a mais conhecida na Antiguidade, tanto que os poetas latinos, principalmente Virgílio, designam frequentemente os etruscos pelo nome de Lydi.[2]
os gregos e os romanos foram os primeiros a se interrogarem sobre a origem dos etruscos. No início, Heródoto[3] situa a origem dos etruscos na Lídia (na atual Turquia). Segundo Heródoto, depois de um período de dificuldades e grande fome (vinte anos), um rei confiou ao filho, Tirreno, a missão de levar o seu povo para uma terra produtiva. Estes lídios conseguiram chegar à Itália e foram denominados de Tirrenos. Os elementos míticos dessa lenda, a fome, a partida para um lugar desconhecido, eram comuns neste gênero de relatos.[2]
No seu apogeu século IV a.C. um extraordinário desenvolvimento político, social e artístico levou os etruscos a controlar vastos territórios (da planície do rio Pó até o golfo de Salerno). A região onde prosperaram, entre o Arno e o Tibre se chama Toscana por causa do nome que tinham em latim, Tusci. O mar que banha a costa da região se chama Tirreno, termo derivado de Tirrenoi, como os gregos denominaram os etruscos.[2]
Até o século VIII a.C., a Toscana era povoada por cidades de cabanas humildes que indicam a vida modesta de sua população. Talvez por isso, o fascínio pela busca da origem de um povo de língua incomparável e que vivia com refinamento.[2]

Organização política e social

Sarcófago etrusco, Museu Britânico
Politicamente, a Etrúria era organizada em federações de doze cidades unidas por laços estritamente religiosos, o que é chamado Dodecápolis, mas esta aliança não era política, nem militar e cada cidade era independente.
A estrutura política é, a princípio, a de uma monarquia absoluta, onde o rei (lucumo) distribui justiça, age como sumo-sacerdote e comandante em chefe do exército. Depois se dá uma transição onde o governo é uma ditadura de corte militar, a qual termina numa república, em essência oligárquica, com magistraturas colegiadas, um senado forte e estável e a participação de uma assembleia popular em representação do povo.
Na pirâmide social etrusca, podemos distinguir quatro escalões:
  • Em primeiro lugar estavam os terratenentes, membros da oligarquia.
  • Plebe livre, ligada por laços de clientela aos anteriores.
  • Estrangeiros, geralmente gregos, que eram artesãos e mercadores.
  • Por último, escravos. Os etruscos tinham uma grande quantidade de escravos para serviço doméstico e agrário.

A família e o papel da mulher

Estatueta funerária de Chianciano, século V a.C., Museu Arqueológico de Florença
A mulher etrusca, ao contrário da grega ou da romana, não era marginalizada da vida social, senão que participava ativamente dos banquetes, nos jogos ginásticos e nas danças. Esta situação social da mulher entre os etruscos, muito mais livre que entre gregos e romanos, fez que gregos e latinos considerassem "promíscua" e "licenciosa" a cultura etrusca. Entre helenos e latinos as mulheres estavam absolutamente subordinadas aos varões.[carece de fontes]
A mulher ademais tinha uma posição relevante entre os aristocratas etruscos, pois que estes últimos eram poucos e amiúde estavam envolvidos na guerra: por isto, os homens escasseavam. Esperava-se que a mulher, em caso de morte do marido, assumisse a tarefa de assegurar a conservação das riquezas e a continuidade da família. Também através dela transmitia-se a herança.

Líderes etruscos conhecidos

  • Osiniu (em Clusium) provavelmente em princípio do século XI a.C.
  • Mezentius 1 100 a.C.
  • Lausus (em Caere)
  • Tyrseos
  • Velsu século VIII a.C.
  • Larthia (em Caere)
  • Arinestos (em Arinus)
  • Lars Porsena (em Clusium) finais do século VI a.C.
  • Thefarie Velianas (em Caere) finais do século V a.C. – princípio do século IV a.C.
  • Aruns (em Clusium) por volta de 500 a.C.
  • Volumnius (em Veii) em meados do século a.C.437 a.C.
  • Lars Tolumnius (em Veii) finais do século a.C.428 a.C.
  • Tarquinius século IV a.C.)

Relações com outros povos (aliados e inimigos)

Povos da península Itálica no princípio da Idade do Ferro
  Ligures
  Veneti
  Etruscos
  Picenos
  Latinos
  Oscos
  Gregos
Durante toda a existência da sua civilização, os etruscos foram um povo comerciante, principalmente marítimo, embora também terrestre. Por outro lado, as suas terras viram-se invadidas várias vezes por povos bárbaros já que as suas cidades eram muito ricas e cobiçadas, eram passo obrigado para as férteis terras da Campânia e para chegar a Roma (como ocorreu, por exemplo, com a invasão de Aníbal).
A princípio aliaram-se e repartiram as zonas de influência marítima com os fenícios, contra os helenos. Por volta do século IV a.C. estreitaram relações com Corinto e cessou a hostilidade com os gregos. Contudo, em 545 a.C. aliaram-se com os cartagineses novamente contra os gregos.
Teve numerosos inimigos. Desde um princípio, a Liga Latina (com Roma de aliada ou à frente da mesma), no Lácio; na Campânia os samnitas; nas costas e ilhas os siracusanos e cumitas e nas planícies do os povos celtas seriam inimigos da Etrúria. Apenas conservariam como aliado incondicional, durante toda a história desta civilização, os faliscos (povo que ficava a Oeste do Tibre).
Por volta de 300 a.C., aliaram-se com os helenos contra cartagineses e romanos, pelo controlo das rotas comerciais.
Ao redor de 295 a.C., uma liga de etruscos, sabinos, umbros e gauleses cisalpinos combateu contra Roma, saindo esta última vitoriosa. Contudo, em sucessivas alianças temporárias com os gauleses continuaram lutando contra os romanos, até ter lugar uma aliança com Roma contra Cartago. Após isso, os etruscos, já em decadência, começaram a ser absorvidos pelos romanos.

Língua, alfabeto e inscrições

O etrusco é uma língua aparentemente não aparentada com as línguas indo-europeias.[4] É de salientar que a fonética é completamente diferente da do grego ou do latim, embora influísse neste em vários aspetos fonéticos e léxicos.[5] Caracteriza-se por ter quatro vogais, /a/, /e/, /i/, /o/, redução dos ditongos, tratamento especial das semivogais. Nas consoantes carecia da oposição entre surdas e sonoras, embora nas oclusivas tinha contraste entre aspiradas e não aspiradas.

Alfabeto

O etrusco utilizava a variante calcídica do alfabeto grego,[6] pelo qual pode ser lido sem dificuldade, embora não compreendido. Deste alfabeto grego básico, algumas das letras não eram utilizadas em etrusco (as oclusivas sonoras) e ademais acrescentavam um grafema para /f/ e a digamma grega utilizava-se para o fonema /v/ inexistente em grego.

Inscrições

As principais evidências da língua etrusca são epigráficas, que vão desde o século VII a.C. (diz-se que os etruscos começaram a escrever no século VII a.C., mas a sua gramática e seu vocabulário diferem de qualquer outro conhecido do mundo antigo) até princípios da era cristã. São conhecidas cerca de 10.000 destas inscrições, que são sobretudo breves e repetitivos epitáfios ou fórmulas votivas ou que assinalam o nome do proprietário de certos objetos. Além deste material, contamos com alguns outros testemunhos mais valiosos:
numeral cinco etrusco
  1. O Liber Linteus ou texto de Agram é o texto etrusco mais extenso com 281 linhas e umas 1.300 palavras. Escrito num rolo de linho, posteriormente foi cortado a tiras e utilizado no Egito para envolver o cadáver mumificado de uma mulher nova; conserva-se atualmente no museu de Zagrebe (provavelmente quando isto sucedeu considerava-se que tinha mais valor o rolo de linho que o próprio texto, que paradoxalmente hoje é nosso melhor testemunho da língua; talvez se não tivesse sido conservado como envoltura nem sequer teria chegado até nós).
  2. Alguns textos sobre materiais não perecíveis como uma tabela de argila encontrada perto de Cápua de cerca de 250 palavras, o cipo de Perugia (ver foto) escrito por duas caras e com 46 linhas e cerca de 125 palavras, um modelo de bronze de um fígado encontrado em Piacenza (cerca de 45 palavras).
  3. Além destes testemunhos temos duas mais inscrições interessantíssimas: a primeira delas é a inscrição de Pyrgi, encontrada em 1964, sobre lâminas de ouro que apresenta a peculiaridade de ser um texto bilíngüe em etrusco e púnico-fenício e que ampliou consideravelmente nosso conhecimento da língua. A segunda das inscrições resulta algo intrigante, já que foi encontrada na ilha de Lenos (N. do mar Egeu, Grécia). Composta de 34 palavras, parece escrita num dialeto diferente dos encontrados na península Itálica, quer seja sintomático da presença de colônias etruscas em outros pontos do mediterrâneo, quer de uma língua irmã do etrusco, o lénio, embora se acredite que a presença de uma só inscrição não aclara grande coisa.
Seguramente a inscrição de Pyrgi é a única inscrição etrusca razoavelmente longa que podemos traduzir ou interpretar convenientemente graças a que o texto púnico, que parece ser uma tradução quase exata do texto etrusco, é perfeitamente traduzível. Quanto ao acesso às inscrições: a maioria de inscrições etruscas conhecidas e publicadas encontram-se recolhidas no corpus inscriptionum etruscarum (CIE).

Arte

Sarcófago etrusco, 520 a.C., Museu Nacional de Vila Júlia, Roma
Destaca-se a arte funerária e a sua relação na pintura e escultura, destacando-se as suas terracotas e o talhe de uma pedra local chamada "nenfro". Desenvolveram uma importante indústria de ourivesaria, trabalharam o bronze, a sua metalurgia caracteriza-se pelas suas gravuras, graneados, filigranas e repuxados, em relação à coroplastia criaram o estilo Buchero em cerâmica. Todos estes produtos foram base para a exportação tanto para Norte da Europa como para Oriente. Outro ponto importante é a pintura onde várias escolas produziram frescos admiráveis, mas a mesma tem temas marcadamente narrativos, anedóticos e nomeadamente funerários. Embora a arte etrusca, como outras artes do Mediterrâneo Ocidental, se visse influenciada fortemente pela arte da Grécia Clássica, guarda características singulares; muito relacionada aos rituais funerários, legou a Roma um extraordinário naturalismo quanto à representação de rostos: os bustos são praticamente uma invenção etrusca, o busto propriamente dito, realizado em bronze fundido, difere do "busto" grego, neste último a pessoa retratada acostuma estar idealizada, não assim no genuíno busto etrusco. As cores preferidas na pintura pelos etruscos foram vermelho, verde e azul, pelo jeito porque lhes assinavam conotações religiosas. Entre as obras mais salientáveis encontram-se:
Músico etrusco da "Tumba do Triclínio", em Tarquinia.
  • O Apolo de Veius escultura do deus Apolo do século VI a.C. encontrada no templo-santuário em honra da deusa Minerva de Portonacio.
  • A Quimera de Arezzo: datada entre 380 a.C. e 360 a.C.A quimera, segundo a mitologia romana, foi abatida por Belerofonte, na garupa do seu cavalo Pégaso. Após a sua descoberta em 1553, converteu-se em símbolo do nacionalismo toscano [7]
  • Lupa Capitolina: esta célebre escultura chegou a ser um símbolo de Roma, porém tudo indica que é uma obra etrusca do século IV a.C.. Quanto às duas crianças que representam Rômulo e Remo, foram forjados e acrescentados no século XVI.
  • O chamado Marte de Todi, escultura de um guerreiro armado de um jeito semelhante ao dos hoplitas gregos, embora o armamento (tipo de couraça, etc.) seja, de fato, etrusco.
  • L'Arringatore (o orador): datada entre o século II a.C. e o século I a.C. Aparentemente, representa um nobre chamado Aule Meteli, mas é desconhecido quem era.
  • O sarcófago do casal: datado por volta de 520 a.C.. Foi encontrado numa necrópole em Cerveteri. Construído em terracota, a tampa do sarcófago representa um casal recostado num triclínio.
  • O Frontão de Talamone, frontão com relevos de terracota de um templo etrusco do século II a.C.

Arquitetura

A necrópole de Polulonia
Para os templos utilizava-se a pedra, enquanto para as moradias utilizava-se o adobe, com estrutura de madeira e revestimento de argila cozido.
Os etruscos conheciam o arco de meio ponto, a abóbada de canhão, e a cúpula, elementos que utilizaram –entre outras coisas– para a construção de pontes. Também construíram canais para drenar as zonas baixas, levantaram muralhas defensivas de pedra, mas, sobretudo, destacou a arquitetura funerária, em forma de impressionantes hipogeus. Os templos estavam inspirados no modelo grego, embora apresentassem notáveis diferenças: costumavam ser menores, de planta quadrangular, fechados, sem peristilo, somente com uma fileira de colunas da ordem chamada "toscano" a jeito dos pronaos gregos, e o altar estava sobre um fojo, chamado pelos latinos mundus -limpador, purificador- (a palavra talvez seja de origem etrusca), é dizer, um orifício que, simbolicamente, serviria para jogar os restos dos sacrifícios.

Religião

Existem certas analogias com religiões orientais (especialmente com a de Suméria e Caldeia e mesmo a egípcia).
O tipo de religião é de revelação, e está plasmada numa série de livros sagrados, os quais têm temas tais como a interpretação dos raios, a adivinhação, a retidão do estado e dos indivíduos e até um análogo do Livro dos Mortos egípcio. Tudo o compêndio religioso é conhecido como "Doutrina Etrusca". Esta se dividia em "Doutrina Teoria" e "Preceitos Práticos", e estava dedicada à procura da interpretação de praticamente tudo fora do comum para predizer o porvir.
Os sacerdotes denominavam-se arúspices, e sempre tiveram uma posição de privilégio na sociedade. Os arúspices especializavam-se em "interpretar" o que consideravam diversos "signos" proféticos: a adivinhação a partir da observação dos fígados de animais sacrificados, a crença em que se podia adivinhar o futuro observando os raios (ceraunomância) ou outros meteoros, e a "interpretação" com intenções divinatórias dos voos das aves. Havia rituais de todo tipo, tanto dirigidos ao estado quanto aos indivíduos, extremamente minuciosos e formais, até o ponto de os considerarem como ciência.
Urna funerária etrusca
O panteão de deuses etrusco está intimamente ligado à influência da mitologia grega, daí que for adorados deuses homólogos aos gregos, embora formasse uma tríada, similar à Creto-micênica. A mais importante foi: Tínia (Zeus), Uni (Hera) e Menrfa (Atena), que se veneravam em templos tripartites. Também existia a crença na existência de demônios maléficos, ao jeito assírio.
Os etruscos criam no mais além, daí as manifestações de grande importância nos lugares de enterramento. Um dos túmulos mais conhecidos é o Hipogeu dos Volumni, nos arredores de Perugia.
É importante salientar que o sagrado interveio sem interrupção nas suas vidas e a sua presença agoniava seus espíritos e corações, embora um jeito de paliar ou atenuar isto foi uma moral que resultava "licenciosa" para os gregos e romanos. É quase com segurança que dos etruscos tomaram os romanos a noção de "circo" já não para representações teatrais senão para lutas entre gladiadores: em efeito, entre os etruscos estas lutas costumavam fazer parte de sacrifícios fúnebres de pessoas da elite, ou uma "diversão" realizada com os prisioneiros de guerra.

Trajes e vestimentas

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Os trajes utilizados pela civilização eram, geralmente, costurados e drapeados. As mulheres etruscas, diferentemente das gregas, participavam ativamente da vida pública e se igualavam aos homens, inclusive quando às vestimentas. Elas usavam mantos e túnicas, semelhantes às vestimentas masculinas, mas para não ficar exatamente como os homens, usavam adornos, além de sapatos e chapéus diferentes.

Referências

  1. Dic. Lello Universal
  2. a b c d e f História Viva, nº04, pp. 52-54. Editora Duetto. São Paulo (2004).
  3. Primeiro livro (Clio) da obra de Heródoto, Capítulo 94.
  4. Língua Etrusca em proel.org
  5. Língua etrusca em Lingvae Imperii
  6. Alfabeto etrusco em proel.org
  7. ver Quimera de Arezzo

Bibliografia

  • BLOCH, Raymond: Los Etruscos. Eudeba 1981, Sexta edição.
  • LARA PEINADO, Federico: Los Etruscos. Ediciones Cátedra, Madrid, 2007.
  • WALKER, Joseph. Los etruscos - Edimat Libros, 2004
  • BARATTE, François e METZGER,Catherine. Etruria y Roma, historia ilustrada de las formas artísticas - Alianza Editorial, 1982
  • BELTRÁN MARTÍNEZ, Antonio. Arqueología clásica - Ed. Pegaso , 1949
  • CALVET. Louis-Jean. Historia de la escritura - Paidos, 2001
  • PFLUGHAUPT, Laurent. Lettres Latines - Ed. Alternatives, 2003
  • GRIMAL, Pierre. Diccionario de mitología griega y romana , - Paidos, 1981
  • CORNELL, Tim e MATTHEWS, John. Atlas culturales del mundo: Roma, legado de un Imperio - Ed. Folio, 1993
  • DUBY, Georges. Atlas histórico mundial - Ed. Debate, 1987
  • ANDERSON, R.G.W. El Museo Británico - British Museum Press, 1999
  • MEDIAVILLA, Claude L'ABC de la calligraphie - Flammarion, 2000

Ver também

Ligações externas

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Panteão

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Panteão, que, etimologicamente, deriva de pan (todo) e théos (deus), significa, literalmente, o conjunto de deuses de determinada religião.
Eventualmente, o termo "panteão" passou a significar tanto o conjunto de deuses quanto o templo específico a eles devotado. Atualmente, "panteão" é o termo designado para um mausoléu que abriga os restos mortais de diversas pessoas notáveis.

Panteão (templo sagrado)

Note-se que já na Grécia antiga, o panteão nasce de uma certa tendência monoteísta que pretende conjugar os diversos cultos, seja por meio da centralização das práticas rituais (um só tipo de sacerdote, de templo e de festividades), seja por meio do sincretismo que funde numa divindade (designada pelo qualificativo de pantheios), os atributos até então dispersos por várias. O primeiro templo conhecido a constituir-se sob este ponto de vista situava-se em Pérgamo.[carece de fontes] O de Roma é, no entanto, o mais conhecido.
Num sentido mais direto, significa o conjunto de deuses de uma mitologia. Há, assim, um panteão egípcio, um panteão grego, um panteão nórdico etc.

Panteão (mausoléu)

Com o progressivo domínio do monoteísmo no Ocidente, os panteões foram reformulados para servir de última morada àqueles que, por meio de feitos notáveis nas mais diversas áreas, engrandeceram sua pátria: intelectuais, estadistas, artistas etc.
Assim, os atuais panteões em muito se confundem com os mausoléus.

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Portugal
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Pompeia

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Pix.gif Áreas arqueológicas de Pompeia, Herculano e Torre Annunziata *
Welterbe.svg
Património Mundial da UNESCO

PompeiiStreet.jpg
País  Itália
Tipo
Critérios III, IV, V
Referência 829
Região** Europa
Histórico de inscrição
Inscrição 1997  (21ª sessão)
* Nome como inscrito na lista do Património Mundial.
** Região, segundo a classificação pela UNESCO.
Pompeia ou Pompeios[1] (em latim: Pompeii) foi outrora uma cidade do Império Romano situada a 22 quilômetros da cidade de Nápoles, na Itália, no território do atual município de Pompeia. A antiga cidade foi destruída durante uma grande erupção do vulcão Vesúvio em 79 d.C., que provocou uma intensa chuva de cinzas que sepultou completamente a cidade. Ela se manteve oculta por 1600 anos, até ser eventualmente reencontrada em 1649. Cinzas e lama protegeram as construções e objetos dos efeitos do tempo, moldando também os corpos das vítimas, o que fez com que fossem encontradas do modo exato como foram atingidas pela erupção. Desde então, as escavações proporcionaram um sítio arqueológico extraordinário, que possibilita uma visão detalhada na vida de uma cidade dos tempos da Roma Antiga.
Considerada patrimônio mundial pela UNESCO, atualmente Pompeia é uma das atrações turísticas mais populares da Itália, com aproximadamente 2,500,000 visitantes por ano.[2]

Índice

História

As escavações arqueológicas estenderam-se ao nível da rua quando do evento vulcânico de 79 d.C.; escavações aprofundadas em partes mais antigas de Pompeia e amostras de solo de perfurações em locais vizinhos expuseram camadas de um sedimento misto que sugere que a cidade fora atingida por eventos vulcânicos e sísmicos em outras ocasiões. Três placas de sedimento foram detectadas na cobertura de lava que repousava sobre a cidade e, misturado ao sedimento, arqueologistas encontraram amostras de osso animal, cacos de cerâmica e plantas. Utilizando o método de datação por carbono, foi descoberto que a camada mais antiga pertencia aos séculos VIII-VI a.C., data aproximada da fundação da cidade. As outras duas camadas separam-se das demais por camadas de solo trabalhado ou pavimento romano, constituídas por volta dos séculos IV e II a.C. Especula-se que as camadas de sedimento misto tenham sido criadas por imensos deslizamentos, provocados provavelmente por chuva constante.

Primórdios

A cidade foi fundada por volta dos séculos VI e VII a.C. pelos oscos, um povo da Itália central, no local onde situava-se um importante cruzamento entre Cumae, Nola e Stabiae. O local já havia sido utilizado anteriormente como porto seguro pelos marinheiros gregos e fenícios. De acordo com Strabo, Pompeia foi capturada pelos etruscos, e escavações recentes de fato mostraram a presença de inscrições etruscas e uma necrópole do século VI a.C. A cidade fora capturada pela primeira vez pela colônia grega de Cumae, aliada a Siracusa, entre 525 e 474 a.C.
No século V a.C., ela foi recapturada pelos sâmnios, juntamente com todas as outras cidades em torno de Campânia. Os novos governantes então impuseram seu estilo de arquitetura, ampliando a cidade. Após as Guerras Samnitas, Pompeia foi forçada a aceitar o status de socium de Roma, mantendo, no entanto, autonomia linguística e administrativa. A cidade foi fortificada no século IV a.C., e durante a Segunda Guerra Púnica permanceu fiel a Roma.
Pompeia integrou a guerra que as cidades de Campânia empreenderam contra Roma, mas em 89 a.C. foi dominada por Sula. Embora uma parte da Liga Social, liderada por Lucius Cluentius, tenha auxiliado na resistência aos romanos, Pompeia foi forçada a se render em 80 a.C. após a conquista de Nola, culminando com a tomada de terras pelos veteranos de Sula, enquanto aqueles contrários a Roma foram expulsos de suas casas. Tornou-se uma colônia romana sob o nome Colonia Cornelia Veneria Pompeianorum, transformando-se num importante corredor de bens que chegavam do mar e precisavam ser transportados a Roma ou ao sul da Itália através da vizinha via Ápia. A produção de água, vinho e agricultura também tornou-se aspecto importante da cidade.
O abastecimento de água era feito por uma ramificação do Aqua Augusta, construído em 20 a.C. por Agripa; o canal principal abastecia diversas outras cidades grandes, e por fim a base naval de Miseno. O castellum de Pompeia permaneceu bem conservado com o tempo, e inclui muitos detalhes da rede de distribuição e seus controles.

Século I d.C.


Mapa de Pompeia apresentando as principais vias da cidade, a Cardo Maximus em vermelho e a Decumani Maximi em verde e roxo. Na extremidade sudoeste situa-se o fórum principal e a parte mais antiga da cidade
A cidade escavada oferece uma amostra da vida romana no século I, congelada no momento em que foi sepultada pela erupção do Vesúvio em 79 d.C..[3] O fórum, os banhos, muitas casas, e algumas vilas nos arredores, como a Vila dos Mistérios, permaneceram incrivelmente bem preservadas.
Pompeia era um lugar movimentado, e evidências demonstram diversos detalhes do cotidiano da cidade. No chão de uma das casas, por exemplo, está a inscrição Salve, lucru (Bem-vindo, dinheiro), no local onde funcionava um comércio; jarras de vinho trazem um dos primeiros exemplos de trocadilho mercadológico, Vesuvinum (combinando as palavras em latim para Vesúvio e vinho); e nas paredes, graffiti mostram exemplos verdadeiros do latim de rua (o latim vulgar, um dialeto diferente do latim clássico ou literário).
Em 89 a.C., após a ocupação definitiva da cidade pelo general romano Lúcio Cornélio Sula, Pompeia foi finalmente anexada à República Romana. Nesta época, a cidade passou por um amplo processo de desenvolvimento infraestrutural, a maior parte concluída durante o período Agostiniano. Da arquitetura do período destacam-se um anfiteatro, uma palaestra com uma piscina central (usada para fins decorativos), um aqueduto que abastecia as aproximadamente 25 fontes de rua, pelo menos quatro banhos públicos, um grande número de domus e casas de comércio. O anfiteatro, em particular, foi citado por estudiosos modernos como um exemplo de design sofisticado, especificamente no quesito de controle de multidões. O arqueduto era ligado aos três encanamentos principais do Castellum Aquae, onde a água era coletada antes de ser distribuída à cidade.[4]
O grande número de afrescos também ajudaram a formar uma imagem da vida cotidiana na época, representando um enorme avanço na história da arte do mundo antigo, com a inclusão dos estilos pompeanos. Alguns aspectos culturais eram distintivamente eróticos, incluindo a veneração ao falo. Uma expressiva coleção de objetos e afrescos eróticos foi reunida em Pompeia, mas, considerada "obscena", permaneceu até recentemente escondida em um "museu secreto" na Universidade de Nápoles.[5]

67-79 d.C.


Visão panorâmica atual do fórum de Pompeia, com o Vesúvio ao fundo
Na época da erupção, a cidade tinha aproximadamente 20,000 habitantes, estando localizada na região onde os romanos mantinham suas vilas de férias. Os moradores já haviam se habituado a tremores de terra de pequena intensidade, mas, em 5 de fevereiro de 62, um grave sismo provocou danos consideráveis na baía e particularmente em Pompeia. Acredita-se que o terremoto tenha atingido uma intensidade de 5 ou 6 na escala Richter, provocando caos na cidade, então em festividades. Templos, casas e pontes foram destruídos, e as cidades vizinhas de Herculano e Nuceria foram também afetadas. Não se sabe quantas pessoas deixaram Pompeia, mas um número expressivo mudou-se para outros territórios do Império Romano, enquanto as remanescentes deram início à árdua tarefa de superar os saques, fome e destruição, enquanto tentavam reconstruir a cidade.
Pesquisas recentes tentam estabelecer quais estruturaras estavam sendo reconstruídas na época da erupção. Algumas das pinturas mais antigas e danificadas podem ter sido cobertas por novas, e instrumentos modernos são utilizados para desencobrir os afrescos ocultos. Especula-se que a razão de as reformas persistirem dezessete anos depois do sismo foi o aumento da frequência de pequenos terremotos, que por sua vez levaram à erupção.

Erupção do Vesúvio


O último dia de Pompeia, de Karl Bryullov (1830-33)
Por volta do século I d.C., Pompeia era uma das várias cidades localizadas no entorno do Vesúvio. O local tinha uma população expressiva, que se mantinha próspera graças à renomada terra fértil da região. Muitas das localidades vizinhas a Pompeia, como Herculano, também sofreram danos e destruição severa com a erupção de 79.
Um estudo vulcanológico multidisciplinar e bio-antropológico das consequências e vítimas da erupção, aliado à simulações e experimentos numéricos, indicam que no Vesúvio e nas cidades circunvizinhas, o calor foi a principal causa de morte, no que anteriormente se supunha ser devido às cinzas e sufocação. Os resultados do estudo demonstram que a exposição ao calor de pelo menos 250 °C a uma distância de 10 quilômetros da erupção foi suficiente para causar morte instantânea, mesmo daqueles abrigados em construções.[6]
A população e construções de Pompeia foram cobertos por doze diferentes camadas de piroclasto, que caiu durante seis horas e totalizou 25 metros de profundidade. Plínio, o Jovem forneceu um relato de primeira-mão da erupção do Vesúvio de sua posição em Miseno, do outro lado do golfo de Nápoles, numa versão escrita 25 anos após o evento. A experiência provavelmente ficou gravada em sua memória devido ao trauma da ocasião e também pela perda de seu tio, Plínio, o Velho, com o qual ele tinha uma relação próxima. Seu tio morreu enquanto tentava resgatar vítimas isoladas; como almirante da armada, ele havia ordenado que os navios da Marinha Imperial atracados em Miseno atravessasem o golfo para auxiliar nas tentativas de evacuação. Os vulcanologistas reconheceriam mais tarde a importância dos relatos de Plínio, o Jovem ao definir situações semelhantes às da erupção do Vesúvio como "plinianas".
A erupção foi documentada por historiadores contemporâneos e, em geral considera-se, a partir do texto de Plínio, que tenha começado em 24 de agosto de 79. As escavações arqueológicas, no entanto, sugerem que a cidade foi dizimada aproximadamente dois meses depois.[7] Isto é confirmado por outra versão do texto, que estabelece a data da erupção como 23 de novembro.[8][9] As pessoas sepultadas nas cinzas parecem vestir trajes mais quentes do que as roupas de verão que poderiam estar vestindo em agosto. As frutas frescas e vegetais nas lojas são típicos de outubro, enquanto que as frutas de verão típicas de agosto já estavam sendo vendidas de forma seca ou em conserva. As jarras de fermentação de vinho estavam seladas, e isto costumava ocorrer por volta do final de outubro. Entre as moedas encontradas na bolsa de uma mulher, estava uma que trazia uma homenagem ao décimo-quinto ano do imperador no poder, concluindo-se daí que ela só poderia ter sido cunhada na segunda semana de setembro. Até hoje, não há uma teoria definitiva sobre a razão de uma discrepância tão grande entre as datas.[8]

Redescoberta


"Jardim dos Fugitivos", com os moldes em gesso das vítimas do Vesúvio
Depois que as grossas camadas de cinzas cobriram Pompeia e Herculano, estas cidades foram abandonadas e seus nomes e localizações eventualmente esquecidos. A primeira vez em que parte delas foi redescoberta foi em 1599, quando a escavação de um canal subterrâneo para desviar o curso do rio Sarno esbarrou acidentalmente em muros antigos cobertos de pinturas e inscrições. O arquiteto Domenico Fontana foi então chamado, e ele escavou alguns outros afrescos antes de mandar que tudo fosse coberto novamente. Tal procedimento foi visto posteriormente tanto como um ato de preservação do sítio para gerações posteriores quanto um ato de censura, considerando-se o conteúdo sexual das pinturas e o clima moralista e classicista da contra-reforma na época.[10]
Herculano foi apropriadamente redescoberta em 1738 por operários que escavavam as fundações do palácio de verão do Rei de Nápoles, Carlos III. Pompeia foi redescoberta como resultado de escavações intencionais realizadas em 1748 pelo engenheiro militar espanhol Rocque Joaquin de Alcubierre. As duas cidades passaram então a ser exploradas, revelando muitas construções e pinturas intactas. Carlos III demonstrou bastante interesse nas descobertas, mesmo após se tornar rei da Espanha, pois a exibição das antiguidades reforçava o poder político e cultural de Nápoles.[10]
As primeiras escavações profissionais foram supervisionadas por Karl Weber.[11] Em seguida foi a vez do engenheiro militar Francisco la Vega, que em 1804 foi sucedido por seu irmão Pietro.[12] Em 1860, as escavações foram assumidas por Giuseppe Fiorelli. No começo da exploração, descobriu-se que espaços vagos ocasionais nas camadas de cinzas continham restos humanos. Foi Fiorelli que percebeu que aqueles eram espaços deixados por corpos decompostos, desenvolvendo então uma técnica de injetar gesso neles para recriar perfeitamente o formato das vítimas do Vesúvio. O resultado foi uma série de formas lúgubres e extremamente fiéis dos habitantes de Pompéia incapazes de escapar, preservados em seu último instante de vida, alguns com uma expressão de terror claramente visível. Esta técnica é utilizada até hoje, mas com resina no lugar do gesso, por ser mais durável e não destruir os ossos, o que permite análises mais aprofundadas.[13]
Em 1819, quando o rei Francisco I das Duas Sicílias, acompanhado de sua esposa e filha, visitou uma exposição sobre Pompeia no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles, ficou tão constrangido com as obras de arte eróticas que decidiu trancafiá-las em um gabinete secreto, acessível apenas a "pessoas maduras e de moral respeitável". Aberta, fechada, reaberta novamente e por fim lacrada por quase 100 anos, a câmara foi tornada acessível novamente no final da década de 1960, e finalmente reaberta para visitação em 2000. Menores de idade, no entanto, só podem visitar o ex-gabinete secreto na presença de um responsável ou com autorização por escrito.[14]

Ver também

O Commons possui uma categoria com multimídias sobre Pompeia

Imagens

Referências

  1. Forma considerada mais correta por alguns autores, como Rebelo Gonçalves (Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa, Coimbra, Atlântida - Livraria Editora, 1947), e Maria Helena de Teves Costa Ureña Prieto, João Maria de Teves Costa de Ureña Prieto e Abel do Nascimento Pena (Índice de Nomes Próprios Gregos e Latinos, Lisboa, Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica/Fundação Calouste Gulbenkian, 1995. ISBN 972-31-0661-2), derivada do masculino plural latino Pompeii, passado ao português pelo étimo do acusativo plural, Pompeios.
  2. "Dossier Musei 2008 - Touring Club Italiano"
  3. "Vesuvius, A.D. 79: the destruction of Pompeii and Herculaneum", p. 83. De Carolis, Ernesto; Giovanni Patricelli (2004). L'erma Di Bretschneider. ISBN 978-8882651992
  4. "Crowd Control in Ancient Pompeii"
  5. Eros in Pompeii: The Erotic Art Collection of the Museum of Naples. Michael Grant, Antonia Mula. Nova York: Stewart, Tabori and Chang (1997)
  6. "Surges: Evidences at Pompeii". PloS one 5 (6): Giuseppe. doi:10.1371/journal.pone.0011127. PMC 2886100. PMID 20559555
  7. "The A.D. 79 Eruption at Mt. Vesuvius".. Gabi Laske. Lecture notes for UCSD-ERTH15: "Natural Disasters"
  8. a b "La vera data dell'eruzione", págs. 10-14. Stefani, Grete. Archeo (outubro de 2006)
  9. Cities of Vesuvius, pág. 223. Michael Grant. Penguin Books, Harmondsworth (1976)
  10. a b "A Tale of Two Cities: In Search of Ancient Pompeii and Herculaneum". Lalo Ozgenel. METU JFA 2008/1 (25:1)
  11. Rediscovering antiquity: Karl Weber and the excavation of Herculaneum, Pompeii, and Stabiae. Christopher Charles Parslow. Cambridge University Press, Cambridge, Reino Unido. ISBN 0-521-47150-8 (1995)
  12. I Diari di Scavo di Pompeii, Ercolano e Stabiae di Francesco e Pietro la Vega (1764-1810). Mario Pagano. "L'Erma" di Bretschneidein, Roma. ISBN 88-7062-967-8 (1997)
  13. "Orto dei Fuggiaschi". Marketplace.it
  14. Die Dichtung als Führerin zur Klassischen Kunst. Erinnerungen eines Archäologen (Lebenserinnerungen Band 58). Karl Schefold. edd. M. Rohde-Liegle et al., Hamburgo. ISBN 3-8300-1017-6 (2003)

Ligações externas

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