O desenho é o meio pelo
qual se cria uma imagem.
Mas ele geralmente envolve um processo pelo qual uma superfície é marcada
aplicando-se sobre ela a pressão de uma ferramenta (em geral, um lápis, caneta
ou pincel) e movendo-a, de forma a surgirem pontos, linhas e formas planas. O
resultado deste processo (a imagem obtida) também pode ser chamada de desenho.
Desta forma, um desenho manifesta-se essencialmente como uma composição
bidimensional. Quando esta composição possui uma certa intenção estética,
o desenho passa a ser considerado um suporte artístico. O desenho envolve uma atitude do desenhista (o que
poderia ser chamado de desígnio)
em relação à realidade: o desenhista pode desejar imitar a sua realidade
sensível, transformá-la ou criar uma nova realidade com as características
próprias da bidimensionalidade ou, como no caso do desenho de perspectiva, a tridimensionalidade.
Desenho como projeto
O desenho nem sempre é um fim em si. O termo é muitas vezes
usado para se referir ao projeto ou esboço para um outro fim. Nesse sentido o
desenho pode significar a composição ou os elementos estruturais de uma obra.
Na língua espanhola existe a distinção entre as
palavras diseño (que se refere
à disciplina conhecida como design nos
países lusófonos, ou ao projeto,
de uma forma geral) e dibujo
(que se refere ao desenho propriamente dito). Estudos etimológicos de Luis Vidal Negreiros Gomes indicam que
também no português existiam essas nuances de significado, com as palavras debuxo
significava esboço ou desenho e que a palavra desenho tinha o sentido de
projeto. Com o tempo o debuxo deixou de ser usada e o desenho mudou o
significado, mas preservou algumas dos sentidos de projeto. Atualmente a língua portuguesa incorporou a palavra design que comporta
o sentido de desenho (projeto).
Desenho, gravura, pintura
Entre os suportes artísticos
tradicionais, três deles manifestam-se em duas dimensões: o próprio desenho, a gravura e a pintura. Embora o
resultado formal de cada um deles seja bastante diferente (embora o desenho e a
gravura sejam similares), a grande diferença entre eles se encontra na técnica
envolvida.
A gravura difere do desenho
na medida em que ela é produzida pensando-se na sua impressão
e reprodução. Seus meios mais comuns de confecção são a xilogravura
(em que a matriz é feita de madeira, a litogravura (cuja matriz é composta de algum tipo de
pedra) e a gravura propriamente dita (cuja matriz é metálica).
Um aspecto que diferencia o
desenho da pintura
é que, ao desenhar, um artista usa cores puras e não pode misturá-las antes da
aplicação, enquanto na pintura, cores novas são geralmente criadas em
misturando.
Gesto
Um
desenho composto basicamente de linhas, com algumas texturas e sombreados A
composição pictórica pode representar o que o artista vê quando desenha, uma
cena lembrada ou imaginada, uma realidade abstrata
ou, no caso do desenho automático (proposto pelos surrealistas),
pode ter muito a ver com o movimento livre da mão do artista através do papel
(ou de outra superfície). No processo da grafomania entóptica, em que os pontos
são feitos nos locais das impurezas ou de variações de cor em uma folha de
papel em branco, e as linhas são feitas então entre os pontos, superficialmente
falando, o tema do desenho é o próprio papel.[ ]
Estas várias atitudes do desenhista em relação ao resultado do desenho
manifestam-se através da técnica escolhida por ele, evidenciada pelo seu gesto. O gesto está
profundamente relacionado à natureza dos movimentos da mão humana e à forma
como a visão (ou o raciocínio visual, de uma forma geral) os influencia.
Algumas técnicas, quando de uma abordagem realista, incluem:
Linha pura
Este é um desenho composto
predominantemente por linhas (as quais simplesmente delimitam os objetos
desenhados, sem a intenção de explicitar suas sombreados ou texturas). É
normalmente o primeiro tipo de desenho com o qual um estudante entra em contato
- o que não significa que seja este um tipo de desenho de pouca complexidade. A
linha pura também é utilizada como etapa inicial do desenho de uma perspectiva.
Tom de linha
Este é um tipo de desenho que
pretende, além de delimitar os objetos, representar suas texturas, mas
ainda não incorpora degradês ou matizados gerados pela gradação de tons de cinza
(embora o peso das texturas aplicadas assumam efetivamente tal papel). Pelo seu
caráter, é também uma técnica bastante utilizada na gravura.
O principal elemento deste tipo
de desenho são as hachuras (padrões gráficos usados para representar uma
determinada textura), cuja manipulação e gradação de peso permite sombrear os
objetos. Os materiais mais comuns neste tipo de desenho são os nanquins
(bico-de-pena) e lápis de grafite mais rígido, em espessuras variadas.
Tom puro
Este tipo de desenho faz uso
extenso das técnicas conhecidas como sfumato e chiaroscuro
(de forma que materiais como nanquins
e bicos de pena não sejam os mais adequados) para evidenciar os volumes, as
sombras e as formas dos objetos. A linha praticamente desaparece através dos
vários degradês aplicados ao desenho. Os materiais mais usados aqui são o
grafite, o carvão
e os pastéis.
Material
Diversos materiais para traçado
A escolha dos meios e materiais
está intimamente relacionada à técnica escolhida para o desenho. Um mesmo
objeto desenhado a bico de pena e a grafite produz
resultados absolutamente diferentes.
As ferramentas de desenho mais
comuns são o lápis,
o carvão,
os pastéis, crayons e pena e tinta. Muitos
materiais de desenho são à base de água ou óleo e são aplicados secos, sem
nenhuma preparação. Existem meios de desenho à base d'água (o "lápis-aquarela",
por exemplo), que podem ser desenhados como os lápis normais, e então
umedecidos com um pincel molhado para produzir vários efeitos. Há também
pastéis oleosos e lápis de cera. Muito raramente, artistas utilizam tinta
invisível (geralmente já revelada).
Computação gráfica
Desde a década
de 1990 o computador tem se tornado um instrumento importante na produção e
acabamento de desenhos. Originalmente ele era usado principalmente para simular
as técnicas e os materiais supracitados, mas nos últimos anos tem sido
desenvolvidas linguagens próprias da ilustração em tela. Entre os programas mais
utilizados estão o Corel Draw, Adobe
Illustrator, entre outros. No campo do desenho técnico, existem diversos
aplicativos CAD
responsáveis por um considerável aumento de produtividade e velocidade na
produção de desenhos. Existem também programas mais simples, como o Microsoft
Paint, distribuído com o sistema operacional Microsoft
Windows, e que possuem mais um apelo recreativo que efetivamente produtivo.
Os softwares de modelamento 3D, como o 3D
Studio Max, o Maya
e o Blender,
ainda que não sejam tecnicamente aplicativos voltados à produção de desenhos,
também possuem um papel importante nesta área (são bastante utilizados pela
indústria cinematográfica e publicitária).
Os softwares de computação
gráfica tem evoluido muito rapidamente. À medida que os equipamentos de
hardware ficam mais eficientes, o nível de qualidade das imagens estão cada vez
melhores. Hoje em dia quase não distingüimos o que é gráfico computacional e o
que é real. O ramo do entretenimento é um dos que mais se beneficiam com esta
evolução. Cada ano que passa vemos efeitos especiais nos filmes, jogos
eletrônicos e filmes completamente digitais cada vez mais realísticos. É quase
impossível prever até que ponto esta tecnologia poderá nos oferece em criações
e realidade.
Modalidades de desenho
O desenho não é necessariamente
um fim em si mesmo, podendo vir a assumir uma função. Entre as várias
modalidades de desenho, incluem-se:
·
Desenho
técnico - uma forma padronizada e normatizada de desenho, voltado à
representação de peças, objetos e projetos inseridos em um processo de
produção.
·
desenho arquitetônico - desenho voltado
especialmente ao projeto de arquitetura.
·
Ilustração
- um tipo de desenho que pretende expressar alguma informação, normalmente
acompanhado de outras mídias, como o texto.
·
Croquis ou esboço - um
desenho rápido, normalmente feito à mão sem a ajuda de demais instrumentos que
não propriamente os de traçado e o papel, feito com a intenção de discutir
determinadas idéias gráficas ou de simplesmente registrá-las. Normalmente são
os primeiros desenhos feitos dentro de um processo para se chegar a uma pintura
ou ilustração mais detalhada.
História
Desenhos egípcios, guardados no Museu
do Louvre.
O desenho tem sido um meio de
manifestação estético e uma linguagem expressiva para o homem desde os tempos pré-históricos.
Neste período, porém, o desenho, assim como a arte de uma forma geral, estava
inserido em um contexto tribal-religioso em que acreditava-se que o resultado
do processo de desenhar possuísse uma "alma" própria: o desenho era
mais um ritual místico que um meio de expressão. À medida que os conceitos
artísticos foram, lentamente, durante a Antiguidade
separando-se da religião, o desenho passou a ganhar autonomia e a se tornar
uma disciplina própria. Não haveria, porém, até o Renascimento,
uma preocupação em empreender um estudo sistemático e rigoroso do desenho
enquanto forma de conhecimento.
A partir do Século XV,
paralelamente à popularização do papel, o desenho começou a tornar-se o elemento fundamental da
criação artística, um instrumento básico para se chegar à obra final (sendo seu
domínio quase uma virtude secundária frente às outras formas de arte). Com a
descoberta e sistematização da perspectiva, o desenho virá a ser, de fato,
uma forma de conhecimento e será tratado como tal por diversos artistas, entre
os quais destaca-se Leonardo da Vinci.
Mestres do desenho nos séculos XV
e XVI
incluem Leonardo da Vinci, Albrecht
Dürer, Michelângelo e Rafael. No século
XVII, destacam-se Claude, Nicolas Poussin, Rembrandt e Peter
Paul Rubens. No século XVIII, Jean-Honoré Fragonard, Francisco
Goya, Giovanni Battista Tiepolo, e Antoine
Watteau. No XIX, Jacques Louis David, Edgar Degas,
Theodore Gericault, Odilon
Redon, Henri de Toulouse-Lautrec, Paul
Cézanne e Vincent Van Gogh. Finalmente, no século XX,
pode-se destacar Max Beckmann, Willem De Kooning, Jean
Dubuffet, Arshile Gorky, Paul Klee, Oscar Kokoschka, Henri
Matisse, Jules Pascin, Pablo
Picasso.
Desenhistas historicamente importantes
·
Leonardo da Vinci - Mestre renascentista, usava o
desenho como instrumento para compreender a realidade.
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