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Nota: Para outros significados, veja Caravaggio (desambiguação).
Caravaggio | |
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Caravaggio, pintura de Ottavio Leoni. | |
Nome completo | Michelangelo Merisi (da Caravaggio) |
Nascimento | 28 de Setembro de 1571 Lombardia, Itália |
Morte | 18 de julho de 1610 (38 anos) Porto Ercole, comuna de Monte Argentario, Itália |
Nacionalidade | ![]() |
Ocupação | Pintor |
Principais trabalhos | A deposição de Cristo (1602) |
Movimento estético | Barroco |
Índice |
Introdução
"Após vários anos de trabalho, Caravaggio andou de cidade em cidade servindo vários senhores importantes. É um trabalhador incansável, porém orgulhoso, teimoso e sempre disposto a participar em discussões e a envolver-se em brigas, o que se torna difícil conviver com ele". - Floris Claes van DijkExcluindo os seus princípios, Caravaggio pintou fundamentalmente temas religiosos. No entanto, foram várias as vezes em que as suas pinturas feriam as susceptibilidades dos seus clientes. Nos seus quadros, em vez de adoptar nas suas pinturas belas figuras etéreas, delicadas, para representar acontecimentos e personagens da Bíblia, preferia escolher por entre o povo, modelos humanos tais como prostitutas, crianças de ruas e mendigos, que posavam como personagens para as suas obras. Em a "Flagelação de Cristo" compôs uma coreografia com contrastes de claro-escuro, onde Cristo se aprentava num movimento de total abandono, conseguindo uma composição de beleza carismática. Já em "São João Batista", demonstra um jovem de olhar provocador - julgava-se que esse modelo era um dos seus amantes. Caravaggio, procurou a realidade palpável e concreta da representação. Utilizou como modelos, figuras humanas, sem qualquer receio de representar a feiura, a deformidade em cenas provocadoras, características essas que distingue as suas obras. Tudo isso chocou os seus contemporâneos, pela rudez das suas pinturas. Dos efeitos que Caravaggio dava aos quadros originou "Tenebrismo" , onde os tons terrosos contrastam com os fortes pontos de luz.
Vida
Durante sua vida, Caravaggio era considerado enigmático, fascinante e perigoso. Nascido no Ducado de Milão, onde seu pai, Fermo Merisi, era administrador e arquiteto-decorador do marquês de Caravaggio, Michelangelo Merisi surgiu na cena artística romana em 1600 e, desde então, nunca lhe faltaram comissões ou patronos.Porém ele lidou com seu sucesso de maneira atroz. Uma nota precocemente publicada sobre ele, em 1604, descrevia seu estilo de vida três anos antes: "após uma quinzena de trabalho, ele irá vagar por um mês ou dois com uma espada a seu lado e um servo o seguindo, de um salão de baile para outro, sempre pronto para se envolver em alguma luta ou discussão, de tal maneira que é bastante torpe acompanhá-lo." (Floris Claes van Dijk; Roma, 1601)
Considerado um farrista inconseqüente, ele vivia com problemas com a polícia, sem dinheiro e buscava brigas nos pulgueiros da cidade. Em 1606, matou um jovem durante uma briga e foge de Roma, com a cabeça a prêmio. Passou por Nápoles, depois por Malta e pela Sicília, onde pintou telas de lirismo transfigurado, como: A ressurreição de Lázaro (Messina), na qual, sob o pavor de um imenso espaço vazio, um raio de luz rasante parece imobilizar o drama sagrado.
Em Malta (1608) envolveu-se em outra briga, e mais outra em Nápoles (1609), possivelmente um atentado premeditado contra a sua vida devido suas ações, por inimigos nunca identificados. No ano seguinte, após uma carreira de pouco mais do que uma década, Caravaggio estava morto, aos 38 anos.
Características
Caravaggio tomava emprestada a imagem de pessoas comuns das ruas de Roma para retratar Maria e os apóstolos. A sua inspiração estava entre comerciantes, prostitutas, marinheiros, todo o tipo de pessoas que não eram de nobre estirpe e que tivessem grande expressão, como as suas obras retratam. Talvez tenha sido um dos primeiros artistas a saber conciliar a arte com o mitológico "ministério de Jesus", que, segundo a lenda, aconteceu exatamente entre pescadores, lavradores e prostitutas.[1]O artista levou este princípio estético às últimas consequências, a ponto de ter sido acusado de usar o corpo de uma prostituta fisgada morta do rio Tibre para pintar A Morte da Virgem. Esta foi uma das duas mais importantes características das suas pinturas: retratar o aspecto mundano dos eventos bíblicos, usando o povo comum das ruas de Roma.
A outra característica marcante foi a dimensão e impacto realista que ele deu aos seus quadros, ao usar um fundo sempre raso, obscuro, muitas vezes totalmente negro, e agrupar a cena em primeiro plano com focos intenso de luz sobre os detalhes, geralmente os rostos. Este uso de sombra e luz é marcante em seus quadros e atrai o observador para dentro da cena - como fica bem demonstrado em A Ceia em casa de Emmaus. Os efeitos de iluminação que Caravaggio criou receberam um nome específico: tenebrismo. Na obra "David com a cabeça de Golias", uma cabeça decapitada, onde ele mesmo é o Golias, um sanguinário grotesco, um monstro. Na decapitação de João Batista, o mal era representado por outra pessoa. Aqui, é Caravaggio quem personifica a maldade. Na espada de David, foi escrito "Humilitas Occedit Superbiam" (A Humildade Conquista o Mundo). Uma batalha que tem sido travada dentro da cabeça de Caravaggio, entre os dois lados opostos do pintor retratado nesta fascinante obra.
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Visão mais obscura e realista das escrituras sagradas
No fim do Renascimento, os grandes mestres caminhavam para uma visão mais obscura e realista das escrituras sagradas, como se vê principalmente em A Conversão de São Paulo e no Martírio de São Pedro - afrescos de Michelangelo Buonarroti, realizados na Cappella Paolina, no Palácio Vaticano. Caravaggio pintou versões próprias desses temas - A conversão de São Paulo, a caminho de Damasco e Crucificação de São Pedro - que ilustram bem como foi capaz de igualar, senão de superar seus mestres.
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Natureza morta, temas profanos e temas quotidianos
Obras
- A Galleria Nazionale d'Arte Antica, no Palazzo Barberini, conserva, além do Narciso e de Judite e Holoferne, de Caravaggio, setenta pinturas caravaggescas, que permitem acompanhar a parábola da pintura naturalística desde o seu início, nos primórdios do século XVII, com O amor sacro e o amor profano de Baglioni (1602), até seu declínio, nos anos 1630.
- Pequeno Baco doente (1593-1594) - Galeria Borghese, Roma
- Baco (1593-1594) - Uffizi, Florença
- Tocador de Alaúde (1594) - Museu Ermitage, São Petersburgo
- Canastra de Fruta (1595) - Pinacoteca Ambrosiana, Milão
- Repouso na Fuga para o Egito (1595-1596) - Galeria Doria Pamphili, Roma
- A Ceia em Emmaus (1596) - National Gallery, Londres
- Invocação de São Mateus (1599-1600) - Igreja de São Luís dos Franceses, Roma
- A Prisão de Cristo (1602) - National Gallery da Irlanda, Dublin
- A Inspiração de São Mateus (c. 1602) - Igreja de São Luís dos Franceses, Roma
- Martírio de São Mateus (1599-1600) - Igreja de São Luís dos Franceses, Roma
- Crucificação de São Pedro (1600-1601) - Capela Cerasi, Igreja de Santa Maria del Popolo, Roma
- O Sacrifício de Isaac (1603)
- Conversão de São Paulo (1600-1601) - Capela Cerasi, Igreja de Santa Maria del Popolo, Roma
- Deposição (1602-1604) - Igreja Nova, actual Igreja de Santa Maria della Vallicella, Vaticano
- Nossa Senhora do Rosário (1607) - Museu de História da Arte, Viena
- Sete Obras de Misericórdia (1607) - Pio Monte della Misericordia, Nápoles
- João Batista (João no deserto) (c. 1604) - Nelson-Atkins Museum of Art, Kansas City, Missouri, EUA
- Degolação de Baptista (1608) - Catedral da Valletta, Valletta, Malta
- Ressurreição de Lázaro (1608-1609) - Museu Nacional, Messina
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Flagelação de Cristo, 1607, Reggia di Capodimonte
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Adoração pelos pastores, 1609
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Ressurreição de Lásaro, 1609
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Salomé com a cabeça de São João Batista, National Gallery, Londres
Descobertas recentes
Em 10 de novembro de 2006, um quadro do pintor, integrante da coleção da rainha Elizabeth II de Inglaterra foi autenticado depois de seis anos de análise técnica. Até então, fora considerado uma cópia.Em 16 de junho de 2010, uma equipe de cientistas e universitários italianos do "Comitê Caravaggio" anunciou a identificação dos restos mortais do pintor, graças a análises de DNA e de carbono-14[2].
Referências
- ↑ Gombrich, página 392-394.
- ↑ Les restes du Caravage retrouvés et identifiés. Le Monde (16 de junho de 2010). Página visitada em 17 de junho de 2010.
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